quinta-feira, 16 de maio de 2013

Blog entrevista Adriano Grineberg, pianista, compositor e cantor de blues





O Blog do Moraes bate um papo com Adriano Grineberg, pianista, cantor e compositor e que se apresentará na segunda edição da Sexta Cultural do General bar nesta sexta, dia 17/05.

Fala Adriano , tudo bem? Conta para o blog como o piano e o blues apareceu na sua vida?

Tudo bem Moraes!!! O blues surgiu na minha vida aos 13 anos, já tinha uma vivência musical nos estudos de música clássica e meu irmão mais velho (o baterista da banda Sandro Grineberg) sempre trouxe muitos cds de rock para a minha casa. 
 
Em 1989 fomos ao Ginásio do Ibirapuera assistir o Festival de Blues numa noite que teve Koko Taylor e Magic Slim (com quem vim a gravar o DVD São Paulo Sassions 20 anos mais tarde),

Foi uma experiencia e tanto. Sentida com o coração e a partir daquilo passava a ter a certeza de que aquela música faria parte da minha vida para sempre. Havia pouca referência das vertentes do blues na época no Brasil, era ouvinte de um programa de blues apresentado pelo Jô Soares na Rádio Eldorado que teve grande importância também.



Com 20 anos de carreira, já gravou com muita gente do blues. Como está o cenário do gênero atualmente no Brasil.

Vejo cada vez mais com bons olhos em comparação à outros tempos, hoje temos entre 20 a 30 músicos diferenciados no Brasil além de muita gente nova surgindo, acho um número muito expressivo que tende a au-mentar cada vez mais. Algo que acho interessante é que o cenário está mais heterogêneo com os artistas e bandas cada vez mais próximas de encontrar suas próprias identidades e diferentes estilos dentro dessa vertente.  Houve um momento na metade dos anos 90 em que as bandas e repertório tinham poucas variações, era tu-do muito parecido.

Sinto também uma grande expansão com relação aos festivais cada vez maiores no país, será um desafio para os músicos acompanharem e atenderem essa demanda com qualidade cada vez mais exigida.

 Você tocou lá fora e já gravou com John Pizzarelli, Corey Haris, Big Time Sarah, Deacon Jones, Larry Mc Cray, James Wheller, Mark Hummel, Hocker Herrera e outros. Como o blues tupiniquim e a música em geral brasileira é vista lá fora?

Acompanhei esses artistas aqui mesmo no Brasil, o que acompanho é que existe lá fora uma expectativa muito grande para que o Blues Brasileiro encontre sua verdadeira identidade e seja cada vez menos americanizado. Isso vai muito de encontro com aquilo que penso e projeto em meus trabalhos já que vejo o blues como uma música universal e atemporal que transcende rótulos de uma determinada época, raça ou país por mais que tenhamos respeito e reverência por suas raízes.




 Além do blues, a World Music faz parte da sua vida. Foi a viagem para a India e continente africano que abriu as portas do gênero para ti?

Certamente sim, estar fora do eixo Europa/Estados Unidos te possibilita uma visão diferente das coisas em geral, passei a ver o blues de outra forma também e percebi o quanto essa linguagem se comunica com a de outros povos na sua forma de estrutura. 
 
Vale lembrar que os rudimentos e melodias do blues nascem originalmente no norte e noroeste da África (Mali), onde o ritmo dos povos nativos afros recebem fortíssima influência da cultura islâmica, originando algo totalmente diferente que com o passar dos séculos se fundiu à outras formas de expressão européia na América com a escravidão, disso nasce o que chamamos de blues.



 Lendo seu histórico, a World Music abriu suas portas. Vários convites de gravação de artistas de nome pintaram na sua carreira né.

Sim, gosto de pesquisar música de todos os países e culturas e tenho com o guitarrista Edu Gomes 9 cds em parceria onde também exploro a musicoterapia como forma de me expressar na música. 

Adriano com a banda Ira


Os convites dos grandes artistas surgem através dos conhecimentos dessa mistura de linguagens, principalmente a do blues tão bem aceita no mundo da música Pop, em trabalhos como Ira! onde permaneci por 4 anosera comum usar fragmentos de melodias do blues para tocar a acompanhar as músicas.

Você abriu para o lendário B.B. King por três oportunidades. Como foi o contato com ele?

Adriano e B..B. King

 Foi algo realmente incrível, BB dispensa apresentação e comentários quanto à sua música, o que mais me tocou foi a sua simplicidade, receptividade e amor pela arte e pela vida. Um homem que transpira empolgação com mais de 80 anos de idade e é a prova de que um ícone como ele pode sim ser uma pessoa muito simples, isso acaba transmitindo algo que vai muito além de ter fama, prestígio. Acho muito verdadeiro.


Você conhece o blues do interior de São Paulo? Como você vê este cenário?

O interior sempre foi um celeiro de grandes bandas e artistas como o Fred Sun Walk , a Blues the Ville, os gaitistas Marcio Maresia, Paulo Gazella e tantos outros.  Acho que a maior dificuldade para as bandas de blues é dividir interesse e espaço com as bandas de cover, muitas vezes gerando uma concorrência desleal. 

Fred Sunwalk
 
No sentido de carreira acho que deve se haver essa perseverança, o mercado de cover é mais efêmero. Embora tenha boa demanda e resposta imediata, mas a longo prazo tende a estagnar o público e principalmente o artista, essa é uma discussão muito ampla. 
 
Acho muito importante, casas como o General abrirem temporariamente as portas para esse estilo da mesma forma que o músico de blues deve retribuir isso com interação com o público e estar atento ao mundo de hoje.

O Adriano Grineberg Quarteto tem no currículo mais de 200 shows em dois anos. Quais os projetos futuros do quarteto?

Sim, percorremos já mais de 100 cidades onde muitas delas jamais receberam um show de blues, é um trabalho de desbravar e abrir portas não só para o blues mas para outros artistas que estão na estrada.  



A resposta é sempre a melhor possível e geram convites de retorno, nosso primeiro cd Key Blues!!! chegou a tiragem de 10 mil cópias vendidas, um número excelente no mercado independente, de blues ainda mais na era do download. 



Estamos preparando para julho de 2013 o segundo cd que fará uma fusão de blues com world music chamado "Blues For África" que traz as raízes africanas associadas a arranjos blueseiros e modernos focando essas duas direções. Misturamos canções tradicionais  africanas das mais variadas vertentes à composições que surgiram em meio á esse processo de pesquisa que durou 2 anos.

 Como surgiu a idéia do Tributo ao Jerry Lee Lewis e Ray Charles? Como é o formato do show?



Foi uma forma de homenagear 2 dos maiores ícones do piano no rock, jazz e blues. Surgiu com um campo muito grande de atuação porque esses nomes influenciaram a maioria dos artistas contemporâneos e o show
ganha uma dinâmica interessante nessa mescla de explosão com sutileza. 

É um projeto que está completando um ano e que sempre será feito dentro de nossos shows.

Adriano, muito obrigado pelo papo. O  que a cidade pode esperar do show de sexta?

É uma alegria muito grande retornar a Jaú, cidade onde toquei com o Ira! em 2006 e me trouxe ótima impressão de um público receptivo, acho que será o primeiro de muitos. Os que acham que o blues é um barzinho esfumaçado e melancólico podem se decepcionar porque o show será dançante, "pra cima", com o intuito de revelar a face solar desse gênero além de muita interação com o público.


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