quarta-feira, 27 de abril de 2011

Blog entrevista Ronaldo Paschoa do Rockover

BLOG ENTREVISTA



O Blog do Moraes tentará voltar a fazer entrevistas com o quadro Blog Entrevista

Nesta edição, o guitarrista da banda Rockover Ronaldo Paschoa. Ronaldo está na banda desde 1.996, mas já tocou com Rita Lee, Guilherme Arantes, Tom Zé, fez trilha sonora de filmes e tem um vasto currículo no cenário musical nacional. 

Acompanhe!! 

1)      Grande Rona, td bem? Conta pra gente quando e  como você começou a tocar ?

Tudo beleza! Eu comecei a tocar animado com a Jovem Guarda e os Beatles. Isso faz pouco tempo...



2)      No começo, as influências nacionais era Roberto e Erasmo aqui e Beatles lá fora? Eram eles que ditavam a vontade da moçada começar a tocar? Quem você lembra daqui e do exterior que te ajudaram na sua formação musical, além da Jovem Guarda e Beatles?

Naquela época, depois que entrei na corrente dos Beatles, não queria mais nada. Eles eram suficientes pra mim. Claro que chegavam outras coisas no meu ouvido, mas eu não ligava muito não. Tem cara que vai dizer que minha mente era fechada.

3)      Lendo sua biografia, você diz que começou sua carreira profissional tocando em programas como 
Bolinha e Barros de Alencar. Que ano foi e como foi esta experiência?



Pois é, depois de ficar anos aprendendo com os Beatles, eu já tinha uma prática legal com os acordes desse tipo de harmonia, aí junto com amigos fomos estudar com o Didi lá da Mooca em São Paulo, a fim de conhecer a harmonia da Bossa Nova e do Jazz.

Dessa escola (importantíssima pra mim) é que surgiram essas paradas como tocar em programas de calouros acompanhando os caras. Isso foi outra baita escola, foi no início dos anos 70 até 75 mais ou menos.

4)      Sabemos que você tocou no Beatles Forever (uma das bandas covers mais conceituadas do Beatles do Brasil e que dura até hoje) e é fã do Fab-Four. Qual foi a primeira música que você ouviu dos Beatles, o que você sentiu e qual a música e o disco que você prefere?



Eu fui o 1º John Lennon fundador do Beatles Forever.
Não me lembro exatamente a primeira música dos Beatles que ouvi, mas assim que veio pro Brasil, o que tocou eu ouvi, de “Love Me Do” a “All My Loving”, aliás essa eu achava que era versão da música do Renato e seus Blue Caps, é mole?
Dizer qual música eu prefiro é sacanagem...TODAS!

5)      Conte para o Blog, duas experiências marcantes: participar da trilha sonora do filme nacional “Asa Branca – Um sonho brasileiro” e posteriormente tocar com Tom Zé, um dos maiores músicos nacionais e juntamente com Gil, Caetano, Mutantes figura emblemática do Movimento Tropicalista.



Eu toquei na orquestra e no conjunto de bailes do italianíssimo maestro Záccaro, e fiquei conhecendo seu primo, o Mário Záccaro que fez a trilha desse filme. Ele me convidou pra participar e eu gostei muito, pois tive até que compor um teminha, tipo plajo de Bossa Nova, além de gravar temas de Jazz compostos por ele, improvisando e tudo o mais. O filme tinha um elenco de artistas consagrados como Eva Vilma, Edson Celulari e outros.




O Tom Zé foi muito “10”. O cara é da história, dos baianos que fizeram a tropicália e tal...É um cara inteligentíssimo e muito figura. Foi uma experiência riquíssima tocar com ele e foi numa gravação com ele que conheci o Guilherme Arantes. Ele gravou comigo como músico, 2 anos antes de ser lançado.

6)      Nos anos 80, você teve experiências com bandas que trabalharam composições próprias como Fragatta e o Tutti Frutti de Carlini. O que te levou a gravar com eles e porque a transição na sequência para a música cover?




Bom, o Fragata foi uma banda de trabalho próprio montada com amigos que viviam em turma na época. Foi uma experência extremamente forte, marcante pra todos os que participaram e para essa grande turma.



Com o fim do Fragata surgiu um convite para eu entrar no Tutti Frutti. Eu nem acreditei, pois era fã de carteirinha do Carlini. Esse é mesmo uma referência, nasceu artista.

Logo que entrei já gravamos 2 discos (vinil), um da Tibet e outro propriamente do Tutti Frutti. Considero esse disco do Tutti pertencer à história do Rock no Brasil.

Mas chegou um momento em que as coisas não estavam fluindo. Eu penso que os cabeças do lance se perderam um pouco, as divergências começaram a incomodar.

Nessa época surgiu o Beatles Forever e eu larguei ao caminho da tentativa com trabalho próprio para simplesmente “tocar rock”. Foi uma maneira de descansar de certos incômodos, saca?

7)      Lendo sua biografia, parece que todos os seus trabalhos foram gratificantes para você, mas o que passa a sensação é o que te marcou bastante foi o trabalho com o Guilherme Arantes né?


Não resta dúvida. A fase com o Guilherme foi muito rica pra mim em todos os aspectos. Eu passei a viajar o Brasil todo durante anos, tocando nos melhores palcos, me hospedando nos melhores hotéis, e principalmente pra minha carreira foi quando tive a chance brilhante de criar, gravar as guitarras e violões que eu mesmo inventava, sem fazer cover de ninguém.



Não sou um músico de gravação, mas foi com o Guilherme que eu gravei um solo que, pra mim foi o máximo que consegui nesta vida. Foi na música “Alguém” do CD “Castelos”. Ele até chorou na gravação.

8)      Como foi tocar com a maior roqueira do Brasil – Rita Lee?



Não sei nem como explicar, eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Acabei indo parar no palco dos Rollings Stones, é mole?

Na minha opinião, a Rita foi quem realmente implantou o rock no Brasil. A música “Esse Tal De Rock´n Roll” é a maior prova disso.

Foi na época que tive o Fragata. A turma toda que falei não perdia um show da Rita. Nós queríamos até nos vestir como a banda dela se vestia.



9)      Em 1.996, rolou o Rockover... Como surgiu a banda na sua vida?



Então, eu estava ainda com a Rita, mas os shows começaram a minguar, e pra nós, mortais comuns, isso pega bravo! Eu precisava de grana. Não podia tocar só de vez em quando. Aí o Leão (baixista do Rockover na época) me ligou e eu topei na hora.

10)   Há mais de dois anos, a banda teve uma mudança - a saída de João Kurk e a entrada do Rubinho Ribeiro. Como se deu essa transição?

Bom, o João resolveu seguir outro caminho. Aí começamos a pensar quem poderia entrar no lugar dele e o Beto teve a idéia de convidar o Rubinho. Eu conhecia o Rubinho há muito tempo, antes do Fragata. Liguei pra ele achando que ele não ia topar, mas topou e aí estamos.



11)   Conta pra gente os novos cds do Rockover.

Nós gravamos ao vivo no Café Piu Piu, como o anterior. Isso já faz quase 2 anos. Na época chegamos a pensar na possibilidade de gravar no General, seria perfeito também, mas o que dificultou foram as logísticas, saca?
O Café Piu Piu fica perto pra nós e é, digamos a nossa casa. O Rockover toca lá há mais de 15 anos. O Rubinho levou um técnico, equipamentos e gravamos material para 2 CDs ou mais.
Depois da nossa parte entramos na fila de espera por parte da gravadora, mas está aí, ou melhor, estão aí 2 volumes, 2 repertórios.



12)   Você ainda usa pedais, amplis e cordas feitos no Brasil? Porque a escolha?

Uso misturado entre importados e nacionais. Sou endorser das cordas SG e gosto muito, acho que não perdem para as importadas.
Já tive todo o tipo de coisas que se pode ter como guitarrista. Aliás “todo tipo” não dá porque as possibilidades não tem fim.
Teve época que não encostava a mão (como dizia o Carlini) em coisa feitas no Brasil. Porém não gosto de estar completamente abraçado com essa idéia. Acho legal que brasileiros se prestem a produzir equipamentos pros músicos usarem. Tenho um pedalsão pra fazer os sons de distorção que não existe igual no mundo e eu não estou interessado em substituí-lo.

13)  Rona, o que vc anda ouvindo de coisas novas brasileiras e internacionais ? Qual a sua análise da atual música mundial?

Acho que não sou indicado para opinar sobre a música do mundo e nem do Brasil. Não vivo ouvindo tudo o que é feito atualmente, me dou esse direito. Tenho meu mundo com a música. Estou montando um projeto instrumental pra tocar coisas que julgo serem bonitas, eternas, pra funcionar como “música ambiente”. Essa é a forma que encontrei pra reviver coisas que gosto muito como, por exemplo Wes Motgomery.  



14)  Qual a sua mensagem para quem está começando a tocar agora e tenta seguir o caminho que você acabou trilhando com sucesso.


A velha idéia de determinação, perseverança. Se você não tiver, não rola.
Se você sente a coisa de tocar muito forte em você vai fundo e boa sorte, eu fui. Mas se a idéia de se proteger com outra atividade está na tua frente, também vá fundo nela. A profissão de músico continua sendo muito insegura.

                                                                 BATE BOLA RÁPIDO



- Nome: Ronaldo Paschoa
- Idade: 57 anos
- Banda preferida: Beatles
- Música preferida: Também não tem. Hoje, agora “Dance Tonigth” do Paul.
- Show inesquecível que viu: Paul MacCartney no Maracanã, record de público dele.
- Show inesquecível que tocou: Claro, o dos Rollings Stones

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