quinta-feira, 15 de abril de 2010

Preocupante

Hoje saiu no Comércio, na carta ao leitor, um texto defendendo a ditadura militar. O texto acaba assim:

"Para finalizar, afirmo com convicção: que saudade do tempo em que os três poderes eram Marinha, Exército e Aeronáutica.”

Respeitando a opinião pessoal das pessoas, mas provavelmente ele não teve nenhum membro da família que foi torturado por algum instituto citado acima ou não perdeu nenhum ente querido no fundo do mar, praxe usada pelos militares para se livrar dos corpos.



Algumas pessoas acham que o Regime Militar no Brasil foi uma época de desenvolvimento total do país. Ledo engano. Os militares só publicavam notícias que lhe eram conveniente o que dava uma sensação de paz e plenitude econômica e uma falsa estabilidade política. E na verdade, houve um aumento gritante da dívida externa e uma repressão política inigualável.

O nosso amigo, provavelmente, não deve ter assistido alguns filmes que retratam o momento do Regime Militar.



Zuzu Angel, por exemplo, é um filme emblemático. Estrelado por Patrícia Pillar, ela interpreta a estilista Zuzu que perde o filho pelos militares. A luta dela é achar o corpo do filho para dar um enterro digno a ele. Zuzu trava uma luta contra os militares e acaba sendo assassinada também. O filme acaba com a música que Chico Buarque fez para ela chamada Angélica. A música retrata bem a luta de Zuzu - " Quem é essa mulher, que canta sempre esse estribilho? Só queria embalar meu filho, Que mora na escuridão do mar".

Outro filme que retrata a época e que já citei aqui é o "O Ano em que meus pais sairam de férias" !! Cito outros em que assisti: "Lamarca" com Paulo Betti, "O que é isso companheiro", "Cabra Cega".



Preocupante existir pessoas que insistem em achar que a ditadura era uma época boa e justa de se viver. Muito preocupante.

Ele deveria perguntar para a família de Wladimir Herzog, Geraldo Vandré entre outras famílias que perderam seus entes através da tortura nos porões das instituições públicas da Ditadura Militar.

PASQUIM

A época de chumbo foi um momento difícil para todos mas fez vários artistas aflorarem para o país. Chico, Caetano, Gil, Tom Zé, Geraldo Vandré, entre outros músicos fizeram verdadeiras obras-primas em decorrência da censura.

Em 1.969 estreou o Pasquim. O Semanal virou o verdadeiro porta voz contra a repressão militar.

O time do meio-de-comunicação era fantástico, senão veja: Ziraldo, Sergio Cabral, Tarso de Castro, Jaguar, Millor Fernandes, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, entre outros cobras.




Em novembro de 1970 a redação inteira do O Pasquim foi presa . Os militares esperavam que o semanário saísse de circulação e seus leitores perdessem o interesse, mas durante todo o período em que a equipe esteve encarcerada - até fevereiro de 1971 - o Pasquim foi mantido sob a editoria de Millôr Fernandes (que escapara à prisão), com colaborações de Chico Buarque, Antônio Callado, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha e diversos intelectuais cariocas.



O jornal resistiu a ditatura, passou pela abertura política em 1985 e durou até 1.991.

Em 1.999, a equipe tentou voltar as sátiras políticas com a revista Bundas. Mas não teve apelo. Ziraldo tentou revitalizar o Pasquim no século 21, mas sem sucesso também.


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